sábado, 5 de dezembro de 2015

História do Cantor Cristão: Hino 002 - Santo! Santo! Santo!


ESTE HINO tem sido chamado: “o melhor hino já escrito, considerando sua pureza de linguagem, sua devoção, sua espiritualidade, e a dificuldade de tratar poeticamente um tema abstrato como esse.” 1 

É cantado, domingo após domingo ao redor do mundo, quer em inglês, português, russo, chinês, e em centenas de outras línguas. Paráfrase de Apocalipse 4.8-11, o hino realça o canto contínuo de adoração dos quatro seres viventes:
Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, aquele que era, e que é, e que há de vir.
Reginald Heber (1783-1826)
Reginald Heber (1783-1826) era filho de um abastado fazendeiro inglês no condado de Cheshire. Era uma pessoa por demais generosa, dando tudo o que ele tinha nos bolsos às pessoas necessitadas que encontrava. Quando ele viajava, sua mãe costumava costurar o seu dinheiro da passagem em sua roupa, para que ele não ficasse sem possibilidade de voltar para casa. Como jovem, Heber recebeu boa educação e durante os estudos tinha certa fama como poeta. Ordenado ao ministério anglicano, recusou boas posições na capital, voltando à sua região natal para servir numa pequena igreja.
Embora os anglicanos cantassem mais os salmos, Heber ficou muito impressionado pelos hinos de John Newton e William Cowper (ver HCC 226). Interessou-se, especialmente, por hinos de boa qualidade que fossem apropriados para o ano eclesiástico, seguindo os temas bíblicos para cada domingo. Começou a publicar seus hinos em 1811, mas não conseguiu permissão para publicar a sua coleção, Hinos escritos e adotados ao serviço semanal do ano eclesiástico, feita com a colaboração de outros bons hinistas.
Depois de 16 anos no pastorado, Heber aceitou o bispado de Calcutá 2, na Índia, dizendo que um pastor devia ser como um“soldado ou marinheiro, pronto a ir para qualquer serviço, tão remoto ou indesejável que fosse.” 3
Este campo enorme incluía não apenas a Índia, mas o então Ceilão (agora Sri Lanka), e Austrália. Heber se dedicou a este ministério com entusiasmo mas, depois de três anos de trabalho árduo, maltratado pelo clima severo, faleceu repentinamente. Ele tinha ido numa viagem de aproximadamente 1.800 quilômetros para a cidade de Trichinópoli, no extremo sul da Índia, para confirmar uma classe de 42 convertidos. O seu servo, achando que ele se demorava muito no banho, foi à sua procura, encontrando-o morto. Seu ministério, contudo, continuou pois a coleção dos seus hinos foi encontrada por sua mãe (depois da morte de Heber), na mala dele que a ela foi enviada. E foi a pedido dela que a Igreja Anglicana deu permissão para publicá-la em 1827, um ano após a sua morte.
A obra de Reginald Heber ajudou a dissipar os preconceitos dos anglicanos contra os hinos e marcou uma nova era na hinologia inglesa. A importância dos seus hinos é resultado, em parte, da sua expressão literária e qualidade lírica. Mais importante ainda é o fato que as igrejas receberam dele hinos baseados no ensino bíblico de cada domingo, de acordo com o Evangelho ou a Epístola. Começaram a cantar o Novo Testamento!
“Heber figura como um dos mais importantes hinistas ingleses do séc.19. Ao todo, escreveu 57 hinos. Todos ainda estão em uso, um tributo raro ao gênio deste escritor consagrado”.4
O tradutor do hino, João Gomes da Rocha, nasceu no Rio de Janeiro em 14 de março, de 1861, filho de Antônio Gomes da Rocha e D. Maria do Carmo, portugueses. Era filho adotivo do Dr. Robert Reid Kalley e Sarah Poulton Kalley, missionários pioneiros no Brasil. Estudou medicina em Londres.  Foi médico missionário na Inglaterra, Madagascar e África. O Dr. Rocha aproveitou-se de uma viagem à América do Sul para visitar a família no Brasil e tornou-se membro da Igreja Evangélica Fluminense, fundada pelo casal Kalley.
O Dr. Rocha, que estudara música na Escócia, cooperou ativamente com D. Sarah após o falecimento do seu esposo, no preparo de algumas edições de Salmos e Hinos, o primeiro hinário evangélico brasileiro. Depois da morte de D. Sarah, continuou a obra. Preparou várias edições do hinário até 1919, quando dotou de valiosos índices a quarta edição com música. Ele também produziu numerosos hinos, entre traduções, adaptações e trabalhos originais, 62 dos quais se encontram em Salmos e Hinos de 1975 e 15 no Cantor cristão de 1971. No Hinário para o culto cristão encontram-se 11 das suas letras, metrificações e traduções. O Dr. Rocha faleceu em 1947, na Escócia, onde morava, mas seu coração nunca saiu do Brasil, sua terra natal, e do ministério da hinódia aqui.
John Bacchus Dykes (1823-1876)
O Dr. John Bacchus Dykes (1823-1876), nascido em Hull, Inglaterra, foi um compositor prolífico e espontâneo de melodias para hinos, considerados os melhores exemplos da época. Estas melodias conseguiram imortalizar os hinos para os quais foram compostas. Constavam em grande número em todos os hinários do povo de língua inglesa e influenciaram a música dos hinos ao redor do mundo. Outras duas das melhores dessas melodias estão no Hinário para o culto cristão, ST. AGNES (n.316) e VOX DELECTI (n.413).
Dykes mostrou o seu talento desde menino, estudando, desde cedo, violino e piano. Aos 10 anos tornou-se organista na igreja do seu avô. Formou-se em Música em Cambridge em 1847 e foi ordenado ao ministério no ano seguinte.  Depois de poucos anos no pastorado, foi escolhido como diretor de música da famosa Catedral de Durham, Inglaterra, onde serviu com muita distinção até a sua morte em 1876. Foi em Durham que Dykes recebeu o grau de Doutor em música (honoris causa).
Sua filha fala de Dykes:   A sua natureza era viva, sorridente e cheia de alegria e ele tinha a capacidade de fazer amigos, inspirando amizades profundas (...). A sua qualidade principal, entretanto, era sua fé profunda e sincera. Parecia ser a fonte escondida de toda a sua vida exterior.4
Certamente nestas palavras pode ser achado o segredo da capacidade do Dr. John Dykes de imortalizar bons hinos com sua música.
NICAEA, considerada a melhor melodia de Dykes, foi composta em 1861 para este hino trinitário de Heber. Foi uma das sete com que ele contribuiu para o hinário de muita projeção, Hymns ancient and modern (Hinos antigos e modernos). Depois que este hino recebeu a melodia de Dykes, tornou-se um dos mais amados no mundo inteiro. O compositor escolheu este nome porque foi no Concílio de Nicéia, em 325 a.D., na Ásia Menor, que se estabeleceu a doutrina trinitária, rejeitando-se a heresia do arianismo.



1. TENNYSON. Alfred. Em: MCCUTCHAN, Robert Guy. Our Hymnody, 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937, p.17. [Lord Tennyson foi poeta laureado da Inglaterra].

2. Bispo é um dos postos da Igreja Anglicana (Ver anotação 2 HCC 60).

3. Ibid.

4. OSBECK, Kenneth W. 101 hymn stories. Grand Rapids, MI: Kregel Publications, 1982. p.79.

5. WELSH, R.E. e EDWARDS, F.G. Romance of psalter and hymnal. New York: James Pott & Co., 1889. p. 307.


sábado, 28 de novembro de 2015

História do Cantor Cristão





O Cantor Cristão é um hinário (um livro contendo um conjunto de hinos, músicas cristãs tradicionais de várias épocas) da Igreja Batista publicado pela Juerp (Junta de Educação Religiosa e Publicações/criada pela CBB – Convenção Batista Brasileira, em 1907). Em sua totalidade o Cantor Cristão contém 581 hinos de edificação a Deus. Hinário das Igrejas Batistas do Brasil – O Cantor Cristão é uma rica herança pertencente aos batistas brasileiros. O hinário, o segundo dos evangélicos brasileiros (o primeiro, Salmos e Hinos, foi publicado em 1861), publicado em 1891 e a sua edição inicial continha somente 16 hinos, compilados por Salomão Luiz Ginsburg (1867- 1927), auxiliado pelo missionário metodista George Benjamin Nind (1860-1932), que trabalhou em Pernambuco (1882-1892).
  As edições se sucederam, sendo sempre acrescidas de hinos novos. Em 1921 saiu a 17ª edição do hinário, já com 571 hinos, dos quais 102 eram de autoria ou tradução de Salomão Luiz Ginsburg (nascido na Polônia em 6 de agosto de 1867 – chegou no Brasil em 31 de março de 1927/ foi um ministro evangélico e um missionário batista no Brasil). Três anos mais tarde, em 1924, o hinário saiu pela primera vez com música, pois até então só continha as letras com os hinos. Desde que Salomão Luiz Ginsburg editou o Cantor Cristão em 1891, muitas outras pessoas ilustres tem prestado a sua colaboração. Willian Edwin Entzminger (72 hinos), Henri Maxwell Wright (61 hinos), Manoel Avelino de Souza (29 hinos) e Ricardo Pitrowsky (23 hinos) são os que mais letras ou traduções fizeram no atual Cantor Cristão.
  Salomão Ginsburg chegou ao Brasil no dia 10 de junho de 1890. Este judeu convertido deu uma das mais notáveis contribuições dos batistas brasileiros, O Cantor Cristão, publicado em primeira edição em 1891 (somente um ano após a sua chegada). No atual Cantor, 104 hinos levam o nome de Salomão Ginsburg, a maioria destes sendo traduções. Mesmo hoje, no Hinário para o Culto Cristão, há 30 hinos que levam o nome de Ginsburg. William Edwin Entzminger, que serviu no Brasil nos anos 1891-1930 é outro missionário que grandemente contribuiu para a hinódia dos batistas brasileiros. No atual Cantor Cristão, há 72 hinos assinados por ele, sendo 16 destes originais. O Hinário para o Culto Cristão ainda retém 21 hinos de Entzminger. O amor deste missionário pelo Brasil se salienta em dois hinos dele que são os mais cantados por nosso povo.
  Um destes é Oração pela pátria, hino que o saudoso pr. José dos Reis Pereira chamou “A Marselhesa dos batistas brasileiros”. O outro hino também tem um teor patriótico. Realmente, é uma experiência inesquecível ouvir uma congregação de batistas brasileiros cantar com seu incomparável entusiasmo, “Ah! Se eu tivesse mil vozes para o Brasil encher com os louvores de Cristo, que singular prazer!”. Outros missionários que também cooperaram com o Cantor Cristão foram Robert Neighbor, que atuou no Brasil somente de 1893-1895, mas contribuiu com cinco traduções e um hino original. Arthur Beriah Deter (1901-1940), quatro traduções; Albert L. Dunstan (1900-1937), três traduções; Otis Pendleton Maddox (1905-1945), uma tradução.
  Uma das bênçãos que Deus nos deu e que jamais podemos abandonar é o nosso amado Cantor Cristão. Eu acredito que os hinos do Cantor Cristão nos trás maravilhosas e gratificantes mensagens, e certamente foram escritas e deixadas a nós, por homens inspirados pelo Espírito Santo de Deus, em seus momentos de angústias e tribulações; e também em momentos dos quais precisavam tomar decisões que dependiam só e unicamente da vontade de Deus. Não se trata de um substituto da Palavra de Deus, mas é sim, sem dúvida alguma, um complemento que nos fala do verdadeiro amor de Cristo, dos verdadeiros cristãos, das nossas falhas, do modo como devemos proceder estando na posição de servos livres do Senhor, de como podemos ser santos. São hinos extraídos e baseados na Palavra de Deus.
  A 36ª edição é histórica, pois pela primeira vez o Cantor Cristão saiu completamente documentado e com vários índices que farão dele um hinário muito mais útil. Nos fins do ano de 2004, quando a JUERP começou a programar a celebração que deveria marcar o ano de 2007, com o centenário da Convenção Batista Brasileira, esta direção resolveu encomendar à sua área de música, uma nova edição do Cantor Cristão, edição 37ª, pois afinal, 35 anos teriam se passado desde a última revisão feita. Que o Cantor Cristão seja útil para o engrandecimento do evangelho nesta grande nação brasileira.
1ª. edição – 1891 – com 16 hinos lançada em julho/agosto de 1891, em Recife (PE).
2a. edição – 1891 – com 23 hinos, lançada em novembro de 1891, em Salvador (BA).
4ª. edição – 1893 – com 63 hinos, lançada em Niterói (RJ), em setembro de 1893.
5a. edição – 1894 – com 113 hinos, impressa na Tipografia Evangélica Batista, em Salvador (BA)
6ª. edição – 1896 – Ginsburg trabalhou em Campos (RJ) de outubro de 1893 a setembro de 1900. Com 153 hinos, lançada em Campos (RJ).
7ª. edição – 1898 – com 210 hinos, impressa na Tipografia “As Boas Novas”, em Campos (RJ).
8ª. edição – 190l – lançada com os 210 hinos da 7ª. edição, acrescida de 15 hinos de Ira David Sankey (1840-1908); esgotada em setembro de 1902.
9ª. edição – 1902 – com 224 hinos. No prelo, em setembro de 1902; lançamento anunciado para dezembro de 1902; esgotada em agosto de 1903.
10ª. edição – 1903 – Editada pela Casa Publicadora Batista, no Rio de Janeiro (DF), com 225 hinos. Os exemplares do Cantor Cristão foram depositados nas residências dos missionários J. J. Taylor, A. L. Dunstan, Z. C. Taylor, S. L. Ginsburg, Eurico Nelson e J. E. Hamilton.
11a. edição – 1907 – Desde outubro de 1906 preparada por Ginsburg em Recife (PE), que solicitou aos leitores de OJB hinos novos para o Cantor Cristão. Com 300 hinos e respectivo índice, pronta para impressão em fevereiro de 1907; lançada em junho de 1907, por ocasião da organização da Convenção Batista Brasileira; quase esgotada em fevereiro de 1910; de Recife (PE) foi enviada ao Rio de Janeiro (DF) para ser impressa na Casa Publicadora Batista. De 1900 até outubro de 1909, Ginsburg trabalhou no campo batista pernambucano.
12. edição – 1911 – Durante os dez primeiros anos de OJB (1901-1911) somente a letra dos hinos era publicada. No início da década de 1910 começaram a surgir as letras com as respectivas músicas, enquanto não era possível publicar a edição musicada do Cantor Cristão, o que só aconteceria em 1924.
  Com 400 hinos, preparada por Ginsburg, em Salvador (BA), desde janeiro de 1910. Com os lucros da edição, Ginsburg planejava publicar o Cantor Cristão com Música. Ficou a 12ª. edição pronta para impressão em fevereiro de 1911. Em março deste ano, foi lançado um Suplemento, com 70 hinos, anunciado em A Mensagem, p. 29. Editada em Salvador (BA), mas impressa no Porto (Portugal), com índice dos assuntos, a 12ª. edição foi distribuída na assembléia da Convenção Batista Brasileira, em Campos (RJ), em junho de 1911, quando Ginsburg foi eleito relator da Comissão de Elaboração da edição musicada do hinário, integrada por W. E. Entzminger, O. P. Maddox, E. Paranaguá e A. Joyce. A Convenção Batista Brasileira adotou oficialmente o Cantor Cristão como hinário da Denominação Batista no Brasil. O Cantor Cristão com Música seria impresso na Alemanha, num formato semelhante ao do Salmos e Hinos.
  Ginsburg tinha informado, no periódico da Comissão de Evangelização da Bahia (A Mensagem, p. 46) que os originais da 12ª. edição achavam-se nas oficinas gráficas em Portugal e comentou: “ … os hinos passaram ao cadinho de uma crítica rigorosa e, desse modo, estão, sob o ponto de vista doutrinário, dignos de apreciação … as métricas e linguagem dos hinos correspondem a toda expectativa … o belo arranjo do índice de assuntos auxiliará muito aos diretores das reuniões”.
  Em 20 anos (1891-1911) foram vendidos 65 mil exemplares do Cantor Cristão para 10 mil membros em 140 igrejas batistas existentes no Brasil. Na década 1911-1920 dobrou o número de batistas no Brasil. A década de maior crescimento numérico dos Batistas correspondeu à década de maior número de letras e/ou músicas de hinos publicadas em O Jornal Batista! Em 1920, a tiragem semanal de OJB era de 5 mil exemplares!
13ª. edição – 1912 – Em fevereiro de 1912, Salomão Luiz Ginsburg (1867-1927) foi a Portugal para contratar com a Tipografia Mendonça (Porto, Portugal) a impressão desta edição.
14ª. edição – 1914 – Enquanto não ficava pronta, foi lançado um folheto com 42 hinos no vos. Editada com 450 hinos no Rio de Janeiro (DF), mas impressa no Porto (Portugal). Pela segunda vez, o Cantor Cristão continha índice de assuntos.
  Na assembléia da Convenção Batista Brasileira, no Rio de Janeiro, em junho de 1914, foi distribuído um “souvenir” com hinos publicados em O Jornal Batista. Nessa assembléia foi eleita a Comissão do Hinário: S. L. Ginsburg, W. E. Entzminger e O. P. Maddox; revisores gramaticais: Adalbert Nicholl e Amelia Joyce; Ginsburg reeleito para a relatoria; eles confessaram: “ainda não é o que almejávamos que fosse”.
  Foi anunciada a impressão do Cantor Cristão com Música, a ser lançado na assembléia da CBB em 1915; a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) prejudicou os planos de Ginsburg.
15ª. edição – 1917 – Anunciado o lançamento para o fim do ano de 1916 ou princípio de 1917. Ginsburg afastou-se da Comissão do Hinário, possivelmente por discordar de Entzminger a respeito da edição do Cantor Cristão com Música; eles trabalharam juntos (1914-1920) na administração da Casa Publicadora Batista, mas nem sempre concordaram na elaboração do hinário.
16ª. edição – 1918 – Preparada em plena Primeira Guerra Mundial. Impressa com 500 hinos nas oficinas gráficas da Casa Publicadora Batista, no Rio de Janeiro (DF). Esgotada em outubro de 1919.
17a. edição – 1921 – A CBB tinha convidado, em 1920, Manoel Avelino de Souza, Ricardo Pitrowsky e Emma Paranaguá para a revisão das letras dos hinos e a publicação desta edição; com a substituição de E. Paranaguá por W. E. Entzminger, foi feita nova revisão. Continha 571 hinos. Foram impressos 15 mil exemplares. Lançada em março de 1921; esgotada em dezembro de 1922.
18a. edição – 1924 – Precedida pela coletânea de hinos evangelísticos, a ser usada até a publicação da 18ª. edição, esta estava em preparo desde 1922; continha só letras de 578 hinos. Impressa e lançada no Rio de Janeiro (DF).
1a. edição com música – 1924 – Planejada durante 13 anos (1911-1924). Em 1922 foram comprados os tipos com sinais musicais. A Casa Publicadora Batista encarregou Ricardo Pitrowsky de preparar a la. edição com música; ele apresentou proposta de emendas das letras dos hinos. Desde 1922 estava sendo impressa, por partes, nas oficinas gráficas da CPB, no Rio de Janeiro (DF). Continha 578 hinos. Em fevereiro de 1923 foi lançado o primeiro fascículo, com 51 hinos.
2ª. e 3ª. edições com música – 1930 e 1935 – Como ensinou Henriqueta Rosa, “edição é o lançamento de uma obra; se esta sofrer revisão e/ou acréscimo, e for reeditada, será uma nova edição; porém, se se tratar de uma simples reimpressão em tudo idêntica à anterior, sem qualquer alteração, será denominada tiragem”. Por não termos em mãos estes hinários de 1930 e 1935, não estamos em condições de saber se eram realmente edições ou tiragens.
28ª. e 29ª. edições – 1941 e 1954 – Idem, em relação aos hinários de 1930 e 1935.
30ª. edição – 1956 – Ainda com 578 hinos, editada pela Casa Publicadora Batista e impressa em suas oficinas gráficas (Rua Silva Vale, 781, Tomaz Coelho), no Rio de Janeiro (DF).
31ª. edição – 1958 – Conforme determinação da assembléia convencional de 1958, foi distribuída entre líderes da CBB para apreciação em caráter experimental. Editada e impressa pela Casa Publicadora Batista. A Comissão Revisora (Manoel Avelino de Souza, Ricardo Pitrowsky, Moysés Silveira e Alberto Portella) propôs à CBB que no Cantor Cristão fossem conservados 460, sendo suprimidos 118 hinos da 18ª. edição (1924); a revisão não foi bem recebida; durante 13 anos (1958-1971), o Cantor Cristão ficou praticamente intocado e desconhecido pelo público batista.
32a. e 33ª. edições – Entre 1958 e 1963, houve circulação restrita aos líderes da Convenção Batista Brasileira.
34ª. edição – 1964 – Com 580 hinos, tendo sido elaborada por Manoel Avelino de Souza e Ricardo Pitrowsky, foi revista por Werner Kaschel, José dos Reis Pereira e Mário Barreto França, em janeiro de 1963, para corrigir a linguagem e atualizar a ortografia. Impressa pela CPB no Rio de Janeiro.
35ª. edição – Não sabemos se era realmente uma edição ou uma tiragem. As sucessivas impressões, que alteraram os textos dos hinos, talvez não possam ser consideradas edições. Em 1968, Joan Riffey Sutton fez intensa pesquisa hinológica.
36a. edição – 1971 – Elaborada pela Comissão integrada, até 1962, por Manoel Avelino de Souza (1886-1962) e Ricardo Pitrowsky (1891-1965), foi revista por Werner Kaschel, José dos Reis Pereira e Mário Barreto França, assessorados por Bill Ichter na parte da documentação. Continha 581 hinos. Editada pela JUERP e impressa na CPB, no Rio de Janeiro (RJ). Características: acréscimo de índices e documentação hinológica.
  Na Apresentação, redigida em julho de 1971, Bill Ichter informou: os hinos estão todos com ortografia atualizada. A lei no. 5.765, sancionada em 18 de dezembro de 1971, aprovou alterações na ortografia da língua portuguesa. Observação: com a supressão de quatro hinos e adaptação na letra de 17 hinos, a 36ª. edição do Cantor Cristão foi adotada, em 1974, pela Convenção Baptista Portuguesa.
4ª. edição com música – 1971 – Publicada sob a supervisão do Departamento de Música da JUERP, dirigido por Bill Ichter, que foi auxiliado por Henriqueta Rosa Fernandes Braga, Antônio Azeredo Coutinho e Ivo Augusto Seitz. Impressa pela CPB. Continha 581 hinos e 8 índices. Reproduzia as músicas e as letras da 34ª. edição (1964). Características: correção da harmonia e introdução de novos termos musicais e novos cabeçalhos.
37ª. edição – 2007 – Editada pela JUERP (Rio de Janeiro, RJ) e impressa pela Geográfica (Santo André, SP). Contém 581 hinos. Lançada em janeiro de 2007. Preparada pela comissão integrada por Leila Christina Gusmão dos Santos (relatora), Marilene Coelho (letras) e Marcelo Yamazaki Carvalho (musicografia). Talvez a mais importante tarefa tenha sido a verificação da métrica dos hinos. 



 

História do Cantor Cristão: Hino 001 Oh, vinde adorar!



Henry Maxwell Wright (1849 - 1931)


NESTE COMOVENTE convite, Henry Maxwell Wright nos chama à adoração ao Deus Criador, exaltando-o através de expressões como: excelso, bom, soberano, luz e poder. Esse Deus se manifesta não apenas na criação, mas principalmente em seu Filho, Jesus Cristo, que é o ponto culminante da revelação (Hebreus 1.1,2).
A David William Hodges, membro do Grupo de Trabalho de Textos do HCC, foi dada por Joan Larie Sutton, Coordenadora Geral, a tarefa de acrescentar uma terceira estrofe trinitária a este hino, em 1989.
 “O resultado, então, é um hino que começa e termina com a frase Oh, vinde adorar!, sendo assim um excelente hino número 1 do nosso Hinário para o culto cristão”.1
 Henry Maxwell Wright nasceu em Lisboa, Portugal, em 7 de dezembro de 1849. De ascendência inglesa, mais tarde optou pela cidadania britânica.  Associou-se aos Batistas Livres.
Em visita à Inglaterra, durante as campanhas do evangelista Dwight L. Moody, Wright decidiu deixar a profissão de bem sucedido comerciante e, em outubro de 1875, passou a dedicar-se à evangelização. Durante os seus três anos de treinamento bíblico ensinou os meninos de rua numa escola noturna e pregou tanto na Inglaterra como na Escócia.
Em 1878, achou que Deus o queria na China e, antes de partir, passou por Portugal. Lá, impressionado com a falta de obreiros, sentiu-se desafiado a trabalhar com os povos de língua portuguesa, o que fez por mais de 50 anos. Evangelizou extensivamente no Arquipélago dos Açores.
Wright empreendeu quatro viagens ao Brasil, onde falava a grandes auditórios, percorrendo quase todo o país. Em sua segunda viagem foi preso como “inimigo da religião oficial”.2 Na terceira viagem, veio acompanhado de sua irmã Luiza Wright (evangelista e escritora de hinos).
Contraiu impaludismo e voltou à Inglaterra para tratamento de saúde. Em 1897, já restabelecido, voltou a Portugal para continuar o seu ministério ali.
Wright esteve duas vezes nos Estados Unidos, pregando aos povos de língua portuguesa ali residentes, e, na volta, pregou aos portugueses residentes nas Ilhas Bermudas. Em 1901, Wright casou-se com Ellen Della-force, filha de ingleses, e juntos construíram o salão evangélico da Associação Cristã de Moços (ACM) no Porto, inaugurado em 1905.
A contribuição hinológica de Wright é muito significativa. Suas letras são de grande valor inspirativo. Ele possuía também uma bela voz e cantava solos em suas reuniões evangelísticas. Gostava de ensinar hinos e cânticos nestas ocasiões, que ele escolhia ou escrevia para reforçar a mensagem da noite.
Wright foi autor ou tradutor de cerca de 200 hinos.3 Há uma coletânea chamada In Memoriam (Em Memória), editada por J.P. da Conceição e publicada no Porto, em 1932, que contém 185 hinos dele. Os seus hinos e cânticos aparecem em grande número na maior parte dos hinários evangélicos no Brasil.
Na 36ª edição do Cantor cristão se encontram 61 hinos seus. No Hinário para o culto cristão, publicado 60 anos depois da sua morte, ainda há 29 das letras e traduções deste servo de Deus.
 “Cristão consagrado para quem a comunhão com Cristo era estado habitual”,4 
 Wright foi o Moody-Sankey do povo de língua portuguesa, alcançando milhares de almas com sua vida dedicada, sua poderosa pregação e sábio uso da música no seu ministério.
Em 23 de janeiro de 1931, Wright faleceu no Porto. Entre os presentes ao seu sepultamento achava-se o nosso saudoso missionário Antônio Maurício, ainda jovem. Foram cantados os hinos Com tua mão segura bem a minha; Doce, doce lar e Rocha eterna, a pedido do próprio Wright antes de falecer.
David William Hodges, autor da terceira estrofe, nasceu em Kansas City, Estado de Missouri, EUA, em 22 de dezembro de 1942. Criado em lar cristão, foi batizado aos nove anos, e começou a trabalhar na música da igreja. David começou a estudar canto, aos 16 anos, com a profª. Gladys Cranston.
David casou-se em 4 de junho de 1966, com Ramona Gay Miller, que conhecera na universidade. O casal tem quatro filhos: Charles, Catherine, Elizabeth, e Robert, seu caçula brasileiro.
Hodges adquiriu um treinamento aprimorado, com Bacharel e Mestrado em Artes (especialização em canto), na Faculdade Central do Estado de Missouri; Mestrado em Educação Religiosa, no Seminário Teológico Midwestern, também, no seu estado natal. No Seminário Teológico Southwestern, em Fort Worth, Estado de Texas, ainda fez dois anos em busca do Doutorado em Educação Religiosa. Ramona fez o Bacharel e o Mestrado em inglês. Começou seus estudos de piano ainda criança e é a acompanhadora predileta de seu marido, além de servir como organista da sua igreja. Foi no seminário que Deus tocou no coração do casal, chamando-o para o trabalho missionário. O casal apresentou-se à Junta de Richmond, e foi nomeado para o Brasil, chegando aqui em 31 de janeiro de 1980.
O ministério de Hodges tem sido multifacetado e profícuo. No final dos seus estudos da língua portuguesa, já servia interinamente como Ministro de Música, na Igreja Batista da Liberdade, São Paulo, Capital, e em 1981 se tornou professor da Faculdade Teológica Batista da mesma cidade, ensinando e regendo corais com grande sensibilidade.
Hodges, que ama as línguas, dedicou-se também à tradução, dando-nos assim um grande repertório antes desconhecido dos evangélicos.  A maior obra traduzida por ele  e apresentada pelo Coro da FTBSP sob a sua regência, foi o oratório São Paulo, de Mendelssohn. Ainda traduziu o Te Deum 5 (Nós te louvamos, ó Senhor), de G.F. Handel, para o Coro, no qual foi o tenor solista sob a regência do pr. Marcílio de Oliveira Filho.
O pr. Marcílio, num artigo para O Jornal Batista, intitulado Ele segurou as cordas!, falou do grande ímpeto que o projeto Cantem, Batistas brasileiros! recebeu desse dedicado missionário, que se empenhou para que o projeto tivesse sustento de sua missão, e se prontificou a tomar o lugar de Marcílio à frente do Coro da Igreja Batista do Ipiranga e na FTBSP durante a ausência do casal Oliveira.6 
Em 1987 a família Hodges se mudou para a cidade do Recife, PE, onde David assumiu o professorado de música sacra no Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil. Hodges serviu também na Igreja Batista do Forte, na cidade de Paulista, e na Igreja Batista da Capunga, na cidade de Recife, PE, como diretor interino de música.
David é um tenor de voz pura e maviosa, sendo requisitado freqüentemente para solos e recitais por onde anda. Nas chamadas “férias” nos Estados Unidos, tem prazer em divulgar, com a sua família, a música sacra brasileira.
No âmbito nacional, Hodges atuou incansavelmente no preparo do Hinário para o culto cristão, primeiramente, na pesquisa (computada com o auxílio do seu filho, Charles) dos hinos prediletos do povo batista em todo o Brasil. Hodges também preparou o livreto Sete hinos congregacionais para a Igreja de hoje, publicado pela JUERP em 1986. Ele continuou a dar de si eficientemente, sem medir esforços, ora na Subcomissão de Música, ora no GTT (Grupo de Trabalho de Textos, que trabalhava com os hinos mais problemáticos), ora no Grupo de Verificação de Dados, em cooperação com a Subcomissão de Documentação e Histórico, ora no preparo e computação dos índices. Sua capacidade de ver um problema com clareza e achar uma resposta certa foi de grande auxílio para todos os seus colegas.
Quando perguntado pelo pr. Marcílio quais eram as suas maiores alegrias no Brasil, David respondeu:
 “o país e o povo em geral, a aceitação de todos, o desenvolvimento da denominação, o trabalho em geral, e principalmente, os grandes amigos brasileiros” 7
O Hinário para o culto cristão inclui 11 excelentes letras e traduções de Hodges, e 10 músicas, verdadeiras jóias que o povo aprenderá a amar.
 “Vamos todos cantar para o louvor e a glória de Deus”.8 
 Esta frase, ouvida dos lábios de William Knapp (1698-1768) em cada culto da sua igreja, caracterizou a sua vida.
Knapp, descendente de alemães, nasceu no condado de Dorsetshire, Inglaterra, em 26 de setembro de 1698. Foi chamado “O salmista do campo”.9 Tornou-se organista, compositor e compilador de coleções de melodias. Serviu por 39 anos como precentor, uma função semelhante à de diretor de música, na Igreja de Saint James, em Poole, porto no seu condado natal no extremo sul do país.
Knapp publicou duas coleções de salmos, antemas e hinos, em 1738 e 1753. Hoje cantamos somente a sua melodia WAREHAM, que faz parte da primeira coleção. Uma das características distintas dessa melodia é que, com duas pequenas exceções, ela se movimenta, do início ao fim, em graus conjuntos.
1. HODGES, David William. Carta à autora em 1991
2. ICHTER, Bill H. Vultos da música evangélica no Brasil. 1ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1967. p.90.
3. Os hinos de H.M. Wright apareceram muitas vezes nas difundidas revistas O Bíblia e O christão, na coletânea da Igreja Evangélica Fluminense: Nova collecção de hymnos evangélicos, em 1882, e também nos seus próprios hinários: Hymnos e coros (1890 ou 1891) e Hymnos em 1892. A coletânea In memoriam Henry Maxwell Wright, publicada por J.P. da Conceição em 1932, reunindo todo o seu acervo, incluía 151 hinos e 42 cânticos. Destas fontes foram difundidos para Salmos e Hinos, Cantor cristão, e todos os hinários evangélicos no Brasil. Ver BRAGA, Henriqueta Rosa Fernandes. Música sacra evangélica no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1961, p.233,234.
4. BRAGA, Ibid., p.233.
5. Te Deum (Te Deum Laudamos) (Nós te louvamos, ó Senhor), provém de um hino latino usado por muitas igrejas cristãs para expressar um momento supremo de júbilo. O texto latino tem música tradicional em cantochão, mas também foi musicado com acompanhamento orquestral (por diversos músicos eruditos, inclusive por Handel, em inglês). HORTA, Luiz Paulo, ed., Dicionário de música, trad. Álvaro Cabral, Rio de Janeiro: Zahar Editores, p.379.
6. OLIVEIRA FILHO, Marcílio de. Ele segurou as cordas! Rio de Janeiro: O Jornal Batista, 5 de julho de 1987, p.5.
7. Ibid. (grifo meu).
8. REYNOLDS, William J. Companion to Baptist Hymnal. Nashville: Broadman Press, 1976. p.354.
9. MCCUTCHAN, Robert Guy. Our hymnody. 2ª ed. Nashville: Abingdon Press, 1937. p.67.

Ouça o hino abaixo:

 
A letra do hino 

A Ti ó Deus, fiel e bom Senhor,
Eterno Pai, supremo Benfeitor
Nós os Teus servos, vimos dar louvor,
Aleluia, Aleluia

A Ti Deus Filho, Salvador Jesus
Da graça a fonte, da verdade a Luz,
Por Teu amor medido pela cruz,
Aleluia, Aleluia

A Ti ó Deus, real Consolador,
Divino fogo santificador
Que nos anima e nos acende o amor,
Aleluia, Aleluia

A Ti Deus Trino poderoso Deus,
Que estás presente sempre junto aos Teus,
A ministrar as bênçãos lá dos céus
Aleluia, Aleluia